Nesta quinta-feira (13), o vereador Carlos Augusto Borges (PSB), conhecido como Carlão e atual presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, revelou que não descarta a possibilidade de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis crimes relacionados à contratação de obras investigadas na Operação Cascalhos de Areia.
De acordo com Carlão, um servidor da Câmara levou um pen-drive contendo mais de 40 mil páginas de documentos à Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), todos relacionados aos contratos em questão, como parte das investigações.
“A intenção é apurar se houve crime cometido por servidores públicos nos contratos. As empresas envolvidas na investigação pertencem ao empresário André Luiz dos Santos, conhecido como ‘Patrola’. São elas a Engenex Construções e Serviços (CNPJ 14.157.791/0001-72) e a A.L.S. Construtora (CNPJ 15.084.261/0001-04)”, afirmou o vereador.
A Operação Cascalhos de Areia, conduzida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), investiga os contratos milionários dessas empresas com a Prefeitura de Campo Grande. No entanto, após uma vistoria em locais onde as obras supostamente deveriam ocorrer, foi constatado que não havia indícios de intervenção ou melhorias significativas.
Em alguns casos, apenas algumas ruas foram niveladas, mas não houve a aplicação de cascalho ou outras melhorias esperadas. Os moradores das regiões afetadas reclamavam da falta de obras.
Os servidores da Sisep, entre eles Mehdi Talayeh (engenheiro e supervisor), Edivaldo Aquino Pereira (gestor de projetos), Erik Antônio Valadão Ferreira de Paula, Fernando de Souza Oliveira, e o ex-secretário Rudi Fiorese, foram alvos da operação.
Agora, o vereador Carlão pretende formar uma comissão de análise com dois vereadores e técnicos para investigar a fundo os documentos e os contratos em questão. Caso sejam identificados problemas ou irregularidades, a CPI poderá ser aberta em agosto, após o retorno do recesso parlamentar.
Os contratos suspeitos seguiram durante a gestão do prefeito Marquinhos Trad (PSD) em 2018. Segundo informações, o primeiro contrato de 2012 teria sido para limpeza e manutenção de praças, conquistado apenas 5 meses após a criação da Engenex, à época pertencente ao pai de Mamed Dib Rahim.
Além disso, outros três contratos firmados com a prefeitura seriam para serviços relacionados à execução de manutenção de vias não pavimentadas e ainda estariam em andamento. A investigação conduzida pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) também apontou que a Engenex contratava pessoal meses antes de vencer as licitações com a Prefeitura de Campo Grande, levantando suspeitas sobre a lisura dos processos licitatórios.
A comunidade aguarda ansiosamente o desfecho das investigações para que sejam responsabilizados os envolvidos, caso sejam comprovadas as irregularidades nas contratações, e para que a justiça seja feita em relação às obras prometidas e não realizadas, que deixaram a população prejudicada.