Vivemos em uma sociedade ansiosa e consumista. As crianças e adolescentes raramente desfrutam por muito tempo seus brinquedos, roupas e objetos. As experiências deles são rápidas e fugazes.
O excesso de informações gera ansiedade e falta de deleite ao aprender. O pequeno microcosmo da sala de aula tornou-se um canteiro de pessoas estranhas, tensas, sem relacionamentos mais profundos. Considerando os avanços tecnológicos, as mudanças de valores desse novo milênio e as novas configurações familiares, não podemos perder de vista a sensibilidade humana.
As instituições de ensino devem instruir seus alunos a conviver com suas emoções e não apenas passar conhecimento técnico. Se nós trabalharmos a mente de uma criança arredia, de um jovem alienado, de um universitário que não tem compromisso com seu futuro e até mesmo de um dependente químico, poderemos transformá-los em seres humanos de uma grandeza intelectual e emocional incríveis.
Professores e alunos ficam anos juntos sem cruzar suas histórias, sem aprender lições mútuas de vida. Os alunos saem das universidades com diplomas nas mãos, mas despreparados para lidar com fracassos, decepções, desafios, confrontos. Não sabem abrir as janelas de sua mente, libertar sua criatividade, interpretar o que as imagens não revelam e resgatar a liderança do Eu nos focos de tensão.
Sob o ponto de vista da Teoria da Inteligência Multifocal, os alunos podem ser estimulados a pensar antes de reagir, a expor suas ideias, a se colocar no lugar outro, a trabalhar perdas e frustrações e também a prevenir o estresse e filtrar os pensamentos perturbadores. Sem desenvolver essas funções, é quase impossível não adoecer nessa sociedade adoecida coletivamente, onde tudo é rápido e urgente.
A educação emocional visa a prevenção de doenças psíquicas de nossas crianças e jovens ao investir na formação de pensadores, no desenvolvimento da inteligência multifocal e da ampliação da consciência crítica, na formação da personalidade e do caráter e na construção de relações interpessoais para uma sociedade mais justa, empática e humana.
Dessa maneira, pais e professores podem, juntos, construir um legado que será passado de geração para geração como uma valiosa ferramenta de sustentabilidade do ser humano saudável, capaz de gerenciar os pensamentos, administrar as emoções e ser livre no palco da existência. O homem que pensa como espécie sabe que se errar, saberá pedir desculpas, saberá reconhecer seus erros e corrigir rotas. Tais atitudes não o farão perder a autoridade, mas construirão uma autoridade que humaniza e desenvolve a arte de pensar. Tem a consciência de que educar é penetrar um no mundo do outro.
AUTOR: Dr. Augusto Cury, idealizador da Teoria Multifocal, aplicada nas instituições de ensino pela Escola da Inteligência.