Desperdício de dinheiro público: bondinho de Corumbá segue sem funcionar após investimento milionário

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O bondinho de Corumbá, que recebeu um investimento de aproximadamente R$ 1,4 milhão em obras de requalificação, tem sido motivo de indignação e críticas devido ao seu atual estado de não funcionamento. A situação representa um claro exemplo de desperdício de dinheiro público.

Inaugurado em 13 de maio do ano passado com a presença de autoridades, incluindo o então ministro de Turismo, o bondinho tinha como objetivo ligar as partes Alta e Baixa da cidade pantaneira, facilitando o acesso às áreas históricas e contribuindo para a mobilidade dos moradores e turistas.

No entanto, passado mais de um ano desde a inauguração, o bondinho permanece inoperante. O motivo do não funcionamento ainda não foi esclarecido de forma satisfatória pelas autoridades responsáveis. O vereador Luis Francisco de Almeida Vianna, conhecido como Chicão, tem feito cobranças constantes em relação ao assunto, mas até o momento não obteve respostas concretas.

Enquanto o bondinho permanece parado, o desperdício de recursos públicos se torna evidente. Os mais de R$ 1,4 milhão investidos na obra poderiam ter sido utilizados de forma mais eficiente em outras áreas prioritárias, como saúde, educação ou infraestrutura.

Além disso, a situação gera insatisfação entre a população, que aguardava ansiosamente pela disponibilidade do meio de transporte, acreditando que traria benefícios para a cidade. A falta de operação do bondinho não apenas compromete a mobilidade dos cidadãos, mas também afeta a imagem do município, que investiu recursos consideráveis em uma obra que não está sendo aproveitada.

O investimento na obra de requalificação do Funicular/Plano Inclinado, que incluiu a instalação do bondinho, foi de aproximadamente R$ 1,4 milhão. O elevador, com capacidade para seis pessoas, foi projetado para percorrer um trilho inclinado em um trajeto de 45 metros, ligando a Avenida General Rondon à Travessa Mercúrio, no Porto Geral, orla do Rio Paraguai. A ideia era aumentar a mobilidade e facilitar o acesso tanto para os moradores quanto para os turistas, incluindo as Pessoas com Deficiência (PcD).

No entanto, desde a inauguração, o bondinho nunca entrou em operação. O vereador Luis Francisco de Almeida Vianna, conhecido como Chicão, tem cobrado constantemente o funcionamento do transporte. Ele afirma que já fez dezenas de requerimentos cobrando explicações do Poder Executivo sobre o motivo da não operação, mas nunca recebeu uma resposta concreta. Atualmente, a única opção de ligação entre as partes Alta e Baixa da cidade é através das ladeiras, o que tem sido um desafio para a mobilidade dos moradores.

Segundo informações recebidas pela nossa redação, o custo mensal para manter o bondinho em funcionamento é de aproximadamente R$ 165 mil, totalizando um valor anual de cerca de R$ 1.980.000.

Esses números levantam questionamentos sobre a viabilidade financeira do projeto. Para que o valor mensal de R$ 2,00 fosse suficiente para cobrir os custos, seriam necessárias aproximadamente 82.500 pessoas utilizando o bondinho mensalmente. No entanto, é importante ressaltar que a população de Corumbá, de acordo com o último censo do IBGE, é de cerca de 96.268 pessoas.

Isso significa que praticamente toda a população da cidade teria que utilizar o bondinho mensalmente para cobrir os custos de sua operação. Essa expectativa é irrealista e evidencia a falta de planejamento adequado no projeto, uma vez que a demanda necessária para tornar o bondinho autossustentável é muito além das possibilidades da população local.

Diante desses números, fica evidente que a manutenção do bondinho de Corumbá se torna um ônus financeiro para a cidade, sem perspectivas de retorno financeiro ou de benefícios efetivos para a população. Esse desperdício de recursos públicos reforça a necessidade de avaliações criteriosas antes da execução de projetos, visando o uso responsável e eficiente do dinheiro público.

Outra alternativa de ligação seria a Escadinha da XV, no entanto, a estrutura encontra-se fechada e abandonada. Segundo relatos de moradores, o local tem sido frequentado por usuários de drogas, o que causa preocupação e insegurança na região.

Diante da falta de recursos para manter o funcionamento do bondinho, o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes (PSDB), informou que o Poder Executivo está finalizando um projeto de concessão para que uma empresa vencedora assuma a administração do transporte. Segundo ele, atualmente é inviável para o município arcar com as despesas necessárias para a operação do bondinho.

Enquanto aguardam a solução do impasse, os moradores e turistas continuam aguardando ansiosamente pela operação do bondinho, que promete facilitar o acesso e contribuir para a valorização do patrimônio histórico da cidade.

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