Empresário com renda declarada de R$ 2 mil é dono de contratos milionários com a prefeitura de Campo Grande, aponta denúncia do MPMS

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul revelou uma denúncia que chocou a população de Campo Grande. Adir Paulino Fernandes, um motorista de 65 anos com renda declarada de apenas R$ 2 mil, é apontado como dono de contratos que totalizam quase R$ 200 milhões com a prefeitura da cidade. As licitações estão vinculadas à empresa JR Comércio e Serviços, cujo único sócio é o próprio idoso.

Segundo o MPMS, Adir é considerado o principal “laranja” da empresa, que possui contratos milionários com a prefeitura. Em 2018, quando o motorista entrou como único sócio da empresa, já existiam quatro contratos em vigor. O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) suspeita que Adir seja usado como testa de ferro para beneficiar Edcarlos Jesus Silva, genro do motorista, que possui renda mensal de apenas R$ 2 mil.

A investigação revelou que Adir levantou suspeitas devido ao seu estilo de vida incompatível com sua renda. Nas redes sociais, o idoso é visto em fotos com carros de luxo e viagens. Além disso, a residência de Adir é simples, o que contrasta com os contratos milionários da empresa.

A empresa JR Comércio e Serviços começou conquistando licitações menores para fornecimento de materiais de consumo e alimentos à prefeitura, mas posteriormente obteve contratos robustos na área de infraestrutura. O Gaeco investiga possíveis fraudes em licitação, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, estimando um desvio de mais de R$ 300 milhões na Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos.

Durante a Operação Cascalhos de Areia, deflagrada pelo Gaeco, Adir Paulino Fernandes foi preso em flagrante em sua residência, onde foi encontrada uma arma de fogo. A empresa e seu único sócio são alvos da investigação, que revela uma possível utilização de Adir como laranja para desviar verbas públicas.

A defesa do suspeito está sendo realizada pela Defensoria Pública, que ainda não se pronunciou sobre o caso. As autoridades continuam a apurar os fatos e buscar a responsabilização dos envolvidos nesse esquema de corrupção que abalou a administração pública de Campo Grande.

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