Três anos após o fogo consumir quase 4 milhões de hectares do Pantanal, o bioma começou a se reerguer. Projeto do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) entrou em fase de finalização do plantio de milhares de mudas na região da Serra do Amolar, para recuperar as áreas atingidas pelos incêndios florestais.
O projeto “Mitigação dos efeitos dos incêndios de 2020 e prevenção contra novos incêndios na Serra do Amolar” começou em 2021, mas o processo de plantio de novas mudas foi iniciado no ano passado. Ao todo, estão sendo recuperados 30 hectares na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal. Em 15 hectares serão plantadas 25 mil mudas, e nos outros 15, a recuperação será por meio de regeneração natural.
São mudas de angico, ipê roxo, ipê branco, paratudo, manduvi, jacarandá, aroeira, cambará, entre outras. Todas elas foram produzidas no viveiro da RPPN Acurizal e no Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (IASB).
Na Serra do Amolar, onde é realizado o projeto, foram quase 70% das áreas de proteção viraram cinzas. A primeira fase, que era o plantio, já foi finalizado. Agora, os brigadistas vão acompanhar por 15 meses as áreas reflorestadas, para impedir que elas sejam degradadas por seus “predadores”.
“As formigas são um fator a mais de preocupação nas áreas com esse ambiente degradado. A primeira vez que a gente coloca uma muda lá nova, elas vão atrás de alimento, acabam cortando essas mudas. A gente só precisa controlar nesse período inicial em que as mudas ainda não tiveram pegamento de raiz, ainda têm poucas folhas, folhas jovens. A partir do momento que essas mudas têm folhas suficiente para fazerem fotossíntese, está tudo bem”, explicou a bióloga da instituição, Luciana Zequim.
São os próprios brigadistas que apagaram o fogo em 2020, que trabalharam no replantio das espécies.
Além de recuperar a vegetação nativa perdida para o fogo, o IHP quer evitar que as chamas consumam novamente o bioma, como foi em 2020. Para isso, a entidade firmou parceria com o Comando da 18ª Brigada de Infantaria do Pantanal para capacitar equipe de militares.
A Serra do Amolar é classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma área de conservação de biodiversidade de prioridade extremamente alta. A Unesco denomina essa região como Reserva da Biosfera Mundial e desde 2000 considera o Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (Parque Nacional, RPPN Acurizal, RPPN Penha, RPPN Dorochê e RPPN Rumo ao Oeste) como Patrimônio Natural da Humanidade.